Plantas do Brasil – 7. Guaraná
Ao falar em guaraná, a primeira coisa que vem à nossa mente é aquele famoso refrigerante em uma garrafa esverdeada ou na latinha verde com o desenho de um frutinho vermelho.
O guaraná foi descoberto e cultivado em Maués no Amazonas, cidade fundada em 1798, conhecida até hoje como a terra do guaraná. Os índios foram os primeiros a cultivar o fruto do guaraná, cuja palavra vem do tupi “wara’ná” e significa grande cipó da floresta amazônica.
Seu nome científico é Paullinia cupana e pertence à família Sapindaceae. Para se obter o produto que consumimos hoje, o guaraná passa por várias etapas. Os frutos amadurecem entre outubro e janeiro, e a colheita dos cachos é feita manualmente. Depois são colocados em recipientes com água para separar a polpa da semente. Em seguida, as sementes são secas ao sol e torradas em fornos de barro. Após resfriadas são trituradas em moinhos elétricos originando o pó do guaraná. Esse pó é a base da fabricação dos refrigerantes, xaropes e energéticos.
O guaraná é rico em cafeína, teobromina, teofilina e catequina. A catequina combate os radicais livres, tem efeito antioxidante e previne o envelhecimento. O fruto tem um formato peculiar e a semente se assemelha a um olho humano, que deu origem à lenda do guaraná.
Lenda do guaraná:
As tribos de Munducurucânia eram as mais prósperas dos índios. Venciam todas as guerras, as pescas eram ótimas, os peixes, os melhores e a doença era rara. Tudo isso por causa de um curumim que, há alguns anos, nascera naquela tribo.
Ele era o mais protegido de todos. Nas pescas, era acompanhado por muitos – os pescadores desviavam dos rios as piranhas, jacarés ou qualquer outro perigo. Mas, certo dia, toda a segurança foi embora: o Gênio do Mal apareceu em forma de cascavel e feriu o garoto. A tribo entrou em lamentação e em desespero.
Tupã, o Deus dos índios, atendeu a todo aquele lamento e disse:
– Tirem os olhos do curumim e plantem-no na terra firme, reguem-no com lágrimas durante 4 luas e ali nascerá a “planta da vida”, ela dará força aos jovens e revigorará os velhos.
Os pajés não duvidaram, arrancaram e plantaram os olhos do curumim e regaram com lágrimas durante quatro luas.
Nasceu ali uma nova planta, travessa como as crianças, com hastes escuras e sulcadas como os músculos dos guerreiros da tribo. E quando ela frutificou, seus frutos de negro azeviche, envoltos de um arilo branco com duas cápsulas de cor vermelho-vivo. Diziam os índios:
– É a multiplicação dos olhos do príncipe!
E o fruto trouxe progresso da tribo. Ajudou os velhos e deu mais força aos guerreiros.
Maio de 2022