Hanabira-mochi
Existem diferentes doces que nos fazem sentir a vinda das estações, mas há apenas um que aparece na celebração do Ano-Novo, o hanabira-mochi (lit. mochi em pétalas); apreciado como aquele wagashi que traz bons augúrios para o novo ano. É conhecido também por hishi-hanabira-mochi (lit. mochi em pétala no formato de losango). Preparado com um recheio feito da raiz de bardana curtida em mel e pasta de soja missô branco sobre uma massa de arroz glutinoso mochi tingida de rosa e em forma de losango (kishi), tudo isto embrulhado em massa circular de mochi branco, resultando em uma forma semicircular.
A origem deste wagashi é um tanto peculiar, remonta ao Período Heian. Era costume naquela época uma cerimônia de ano-novo chamada “ritual do endurecimento do dente” (hakatame no gishiki「歯固めの儀式」. Colocava-se em cima de um mochi branco e redondo, um pedaço de mochi rosa no formato de losango, e sobre eles pedaços de carne de porco, rabanete japonês (daikon), cabeças de ayu (peixe pequeno de rio) prensadas e salgadas (oshiayu), entre outros. Este costume foi simplificando-se, transformando-se primeiro em “kyuchu-zôni” (sopa da corte) e depois com a substituição dos outros elementos, como o peixe pela raiz de bardana e da sopa pelo missô branco com mochi em forma de pétalas de flor.
Na Era Meiji (1868-1912) foi concedido a licença para utilizá-lo no hatsugama (Cerimônia do Chá de Início do Ano) pelo XI Grão-mestre da Urasenke, Gengensai, e desde então o doce foi se expandindo como o wagashi do ano-novo.
Na massa levemente rosada, translúcida, branca e macia sente-se certo ar de elegância. O salgado da raiz de bardana e da pasta de missô branco harmoniza com o doce do mochi e a raiz dá ainda uma textura especial nas mordidas.
Com este wagashi, que tem tais origens, recebe-se assim, o Ano-Novo com exuberância e alegria.
Dezembro de 2018