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18. Hisureba Hana – Se guardada em segredo, flor!

秘すれば花なり、秘せずば花なるべからず

Hisureba hana nari, hisezuba hana narubekarazu

“Se guardada em segredo, será flor;
se assim não for, não será flor.”

 

Significa que algo se tornará uma flor, quando mantida em segredo, e que se desvalorizará, quando revelada. Zeami (1363-1443) escreveu essa passagem em seu livro “Fushi Kaden”. Diz-se que isso foi escrito entre 1400 e 1425, com base nos ensinamentos de seu falecido pai, Kan’ami. Abreviado como “Kaden”, “Kadensho” (Tratados de Transmissão), é o primeiro dos vinte e um tipos de tratados deixados por Zeami, e abrange desde métodos de treinamento, teoria de atuação, teoria de direção, até história. Acrescenta uma interpretação sob a ótica das artes cênicas, como a estética do próprio teatro Noh, que Zeami domina. Para o autor, “flor” significa o que se oferece ao público, como impressão, comoção súbita, inesperada.

Nas escolas de arte, há segredos que não são divulgados ao público em geral, de modo que se tornam ainda mais preciosos. Uma vez desvelados, perdem valor ou sentido. Há também os que interpretam que aqueles que pensam que segredos não são importantes, não conhecem o real efeito deles. Mesmo que a coisa escondida em si não seja tão importante, se mantida em segredo terá seu impacto. Se for dito ao público que mostrará algo incomum desde o início, ele esperará por isso e não será surpreendido. Assim, Zeami chamou de “flor” essa surpresa, muito bem guardada e revelada apenas no seu momento preciso, para causar nas pessoas uma emoção excepcional.

Em geral, “a flor” significa:
① flores de plantas, flores da ameixeira e flores da cerejeira;
② coisas belas;
③ prosperidade, honra;
④ algo cuja aparência é bela, mas sem autenticidade;
⑤ beleza, encanto, fascínio das artes cênicas (derivado de terminologia do teatro Noh).

Sinônimos para (秘すれば花) “Se guardada em segredo, flor!”:

1. Uma impressão, gosto profundo ou a característica que pode ser sentida ou valorizada na pessoa.
2. Não da aparência física ou da superficialidade, mas do poder e encanto captado nos indivíduos (prata sem polimento, pérola em sua concha).
3. Humildade.

O escritor japonês Masaaki Tachihara (1926-1980), incorporou a estética japonesa em seus romances e escreveu uma coleção de contos intitulada “Hisureba Hana”, onde diz que ficou profundamente comovido com esse livro de Zeami.

Junichi Watanabe (1933-), médico e romancista, escreveu a novela “Hisureba Hana”, explorando a essência do homem e da mulher no amor. Ao mesmo tempo em que contempla o lado médico científico do ser humano, nesse esplêndido romance moderno, expressa também a beleza de ousar calar-se.

Dezembro de 2022