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Shio – Sal

O sal é um cristal, que tem cubos incolores de cloreto de sódio como componente principal. Em todo o mundo, o sal pode ser obtido através do sal- gema ou por evaporação solar.

Antigamente, havia no Japão um método peculiar de produzir sal, concentrando a água do mar e fervendo-a numa caldeira. No entanto, este método foi revogado em 1948 pelo método de intercambio iónico da membrana para fabricação de sal.

Diz-se que a história do sal no Japão começa entre o final do período Jômon ao início do período Yayoi. Antes disso, não havia a necessidade de sal, pois os homens se alimentavam de caça, comendo até mesmo vísceras e ossos dos animais. A partir do momento que se passa a ter uma vida sedentária e agrícola, alimentando-se de arroz, cereais e verduras, o sal passou a ser necessário.

A forma antiga de produzir sal é chamada de moshioyaki 藻塩焼き, um preparo feito a partir de algas secas queimadas. No século VIII (período Nara), passou a se usar areia no lugar de algas e, em meados do século XVII, iniciou-se a implantação de campos de sal na beira do mar em Akô, Harima (atual província de Hyôgo). Este se tornou o método de produção de sal no Japão. Durante o Período Meiji (1868-1912), entra em vigor o monopólio do governo de sal em 1905, que tem continuidade até o ano de 1997.   

 

Há três tipos de sal:

– Sal do mar (sal comestível, sal marinho natural, sal processado por regeneração).
– Sal-gema (também conhecido como sal de mina ou de rocha, é um sal por dissolução, sal extraída pelo processo de mineração).
– Sal de lago (produzido a partir da água do lago que ao evaporar eleva a concentração de sal na água).

A taxa de autossuficiência de sal no Japão é de 15%, mas seu volume de importação é o maior do mundo.

 

O sal é um artigo de valor, essencial para a manutenção da vida humana e animal. Desde tempos antigos, está sujeito a impostos e tributos, e era usado como remuneração da nobreza e da classe samurai.

No idioma japonês, há palavras que têm como radical o ideograma shio “塩”, que significal “sal”. É o caso da palavra anbai, [塩梅, que reúne dois ideogramas cuja tradução é “sal” e “ameixa”], que significa “tempero”, “sabor” ou “aroma”. A palavra shiokagen “塩かげん” pode ser traduzida como “temperar”. Tudo isso mostra a importância cultural do sal como tempero.  O sal também é usado em rituais de purificação e expulsão de maus espíritos, e para limpar o corpo.

Na antologia de poemas clássicos Hyakunin Isshu,  compilados por Fujiwara Teika, há o seguinte poema :

 

Konu hito wo   Matsuo no ura no  Yûnagi ni

Yaku ya moshio no  Mi mo kogaretsutsu

 

Aguardando por minha amada, que não vem, todo o meu ser está em chamas,
como o sal de algas queimando na calma noite, na beira do mar em Matsuo

 

 

O SAL NO MUNDO

  • Sal de Uyuni, gigantesco espelho de água, Bolívia
  • Sal de Guérandes, na costa atlântica de França
  • Yukishio (a tradução literal é “sal de neve”), obtido da água do mar em dia de lua cheia, na ilha Miyakojima, Okinawa, Japão
  • Salineira de Guerrero Negro, México
  • Deserto do Sahara
  • Sal de rocha na República de Mali, África
  • Sal vermelha a céu aberto na aldeia Yada em Tibet

Yukishio (lit. “sal de neve”)

 

MUSEU DO TABACO E SAL (TOBACCO & SALT MUSEUM)
Reaberto em 2015
Yokogawa 1 – 16 – 3
Sumida-ku, Tokyo – Japão
Tel  03-3622-8801
https://www.jti.co.jp/Culture/museum_e/

Junho de 2016